Vencedores, vencidos. Portugal, e agora?

(artigo publicado  no Jornal Odivelas.com)
As eleições do passado 5 de Junho configuraram um pedido de mudança por parte do povo português. Essa foi uma noite com 2 vencedores claros e muitos derrotados.
Os vencedores são naturalmente o CDS e o PSD que em conjunto obtiveram uma maioria clara na votação.
O PSD alcançou um resultado muito positivo, na medida em que aparentemente, e a acreditar nas sondagens, na última semana conseguiu ter os resultados da estratégia de discurso definida sobre o “voto útil” e o “cuidado com ele”.
O CDS obteve o seu melhor resultado dos últimos 28 anos, traduzindo a credibilidade criada ao longo dos anos e um crescimento muito forte na população jovem. O desafio político futuro do CDS será o de manter a credibilidade e a responsabilidade que tem demonstrado nestes anos, pois só dessa forma poderá continuar a crescer mesmo com crescimentos do PSD.
A lista de derrotados é encabeçada por José Sócrates, seguida do PS, Bloco de Esquerda, pelos chamados pequenos partidos e pelo PCP.
José Sócrates é naturalmente o principal derrotado da noite, pois demonstra mais uma vez que o povo português tem sido inteligente na forma como lida com as eleições. Neste caso, demonstrou que os portugueses consideram que podem gostar de lideranças firmes, mas não gostam de quem lhes omite informações criticas e fundamentais para o seu futuro.
O PS derrotou-se a ele mesmo, pois há muito que estava embriagado com um caminho fácil de seguidismo político ao seu líder e ao poder que isso representava. Este é mais um exemplo de como os partidos são porventura cegos e pouco pensadores quando dispõem do poder com facilidade e sem verificarem que também podem e devem ser críticos consigo mesmos.
O Bloco de Esquerda demonstrou como se pode perder uma oportunidade de se ser um partido credível. Podia ter definido um posicionamento alternativo de esquerda e de aposta em ser um partido da área governativa, tornando-se um valor acrescentado para Portugal. Mas preferiu continuar a querer ser um partido reaccionário, típico de uma famosa “esquerda caviar”. É provável que não desapareça, mas tem pela frente “uma grande passagem pelo deserto político”.
Os pequenos partidos continuam a não mostrar credibilidade para os portugueses. Mais uma eleição sem qualquer deputado. Demonstra uma necessidade de perceberem que também eles devem ter mensagens fortes, ideias claras e inovarem a forma de comunicar.
Por fim, o PCP que quis fazer da sua mini derrota uma vitória. O decréscimo da votação, mas a manutenção da percentagem e o ganho de um deputado no distrito de Faro, acabou por fazer passar (à boa maneira comunista) uma imagem positiva dos resultados. Foi de facto, de todos os partidos de esquerda, aquele que menos perdeu, mas foi uma derrota, dado que o seu eleitorado continua a diminuir de eleição para eleição.

E agora Portugal?

Agora está pela frente mais uma oportunidade de nos tornarmos num grande país. O novo governo tem a oportunidade de fazer história. Tem nas mãos a credibilidade necessária de unir os portugueses, mas é necessário que garanta a unidade dentro da coligação.
Pedro Passos Coelho e Paulo Portas terão de garantir que estão numa equipa comum, o qual tem um plano muito exigente pela frente e que será importante de cumprir. Irão sofrer ataques duros, tentativas fortes de destabilização nas ruas (acrescido pelo facto do PS não estar no Governo), criação de factos fictícios nos jornais, mas terão de se manter firmes entre eles.
Os portugueses terão de perceber que devem lutar pelo profissionalismo, não suportar quem não quer trabalhar, serem exigentes consigo e com os outros. Devem olhar para o que se está a passar na Grécia e pensar se é isso que querem para o nosso país. Os empresários e empreendedores devem também eles serem ambiciosos pelo bem do seu ecossistema e retirarem do mercado quem só pensa em si ou só procura por subsídios, sem dar valor acrescentado ao País. Precisamos de grandes empresários capazes de fomentar o crescimento dos seus produtos e serviços cá dentro e no estrangeiro.

Mas eu acredito. Acredito que seremos capazes. Basta exigirmos, trabalharmos e ambicionarmos ser um grande país, pois na realidade somos mesmo um grande País!

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