O Mea Culpa, o Volte Face ou a Estocada Final

(texto publicado no Jornal Online - Odivelas.com)
Ano de 2010, 2011 quase a chegar. Portugal, um país com oportunidades, mas sem esperança de quem nos dirige. O cansaço é notório. As atrapalhações sucedem-se. O batimento cardíaco do país é cada vez mais espaçado, como de alguém que está em coma. Mas será que há forma de mudar?

Sim! Há forma de o fazer. Aliás não uma, mas 10 milhões de formas de o fazer.

Mas, o primeiro passo naturalmente tem de ser dado pelo Governo que deve falar verdade e parar alguns minutos/dias para pensar de forma estruturada e não casuística. O zigue zague tem sido uma constante, sem uma linha orientadora.

Lembro-me de ter lido um livro sobre gestão estratégica que indicava uma forma fácil de verificar se uma empresa estava bem alinhada ou não. A primeira forma, e mais fácil, seria entrar nos escritórios da empresa e ver se as pessoas andavam a correr de um lado para o outro, a gesticular, a falar alto, numa espécie de corrupio sem grande sentido. Isto era um claro sinónimo de uma empresa desorientada e sem estratégia definida. Pois bem, é assim que anda o Governo actualmente.

Apesar deste Governo não ser oriundo do meu partido, considero que apesar do que se diz por aí, ainda pode dar a volta por cima. Mas a “janela da oportunidade está-se a fechar”. Tem uma oportunidade para fazer. Não é fácil, mas deve-o fazer. A oportunidade é mudar rapidamente o rumo da sua gestão. O actual Primeiro Ministro Sócrates tem fazer uma espécie de “mea culpa” (algo complicado para ele, dada a sua natureza) e mudar a sua equipa governamental, assumindo a sua liderança e a garantia de um governo de uma só voz. Sem isso, está condenado ao que muita gente diz, isto é, está condenado a ir a eleições após as presidenciais. Assim, ou consegue desde já fazer um volte face político, que em tempos já nos habituou, ou estamos de facto perante um declínio amargo e muito prejudicial ao nosso país.

E a questão coloca-se depois em saber se a alternativa Passos Coelho é suficientemente positiva e encorajadora para restabelecer os níveis de confiança no país. Eu tenho grandes dúvidas se o PSD estiver sozinho no governo, e não é por ser do CDS, mas por considerar que as máquinas partidárias base do PSD e PS se assemelharem muito. A corrida ao lugar, de quem já há muitos anos anseia por essa oportunidade, pode trazer mais alguns desvarios, maior despesa pública e menor responsabilidade. É por isso, que a este nível, também Portugal deve ser capaz de elevar a sua maturidade política e assumir de forma natural as coligações governamentais, como um facto normal e como um garante de estabilidade. Não sou ingénuo em pensar que as coligações não têm os seus “males”, mas considero que são menores do que um governo com um partido em maioria. Apesar de tudo há sempre um “controlo de um sobre o outro”. Talvez estejamos nesta situação, porque o PS não assumiu uma clara posição de querer uma coligação, pensando que seria fácil governar em minoria. Que este estágio político sirva de crescimento político em Portugal.

Em jeito de conclusão para este meu primeiro texto para o Odivelas.com, direi que ou Sócrates muda o rumo rapidamente e põe-se novamente nas “rédeas e comando” da sua equipa, ou será um definhar até à estocada final em sessão pública. A estratégia de Passos Coelho actualmente está bem estruturada, que é de estar agora “sem nada dizer” esperando pelo definhamento do Governo. Nada fazer e nada dizer, continuando pelo esperar do contínuo erro do adversário. Só espero que tenha a capacidade e responsabilidade suficientes de não cometer os mesmos erros do Governo actual.

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