BPN Nacionalizado: algumas questões ainda sem resposta


Hoje o Governo nacionalizou o BPN. Até aí não vem o mal ao mundo, se se procurar restringir ao máximo essa filosofia, dado o facto de se procurar manter a "calma" no sistema financeiro português.
Isto é, para mim a nacionalização é sempre o limite e não o hábito. O mercado deverá funcionar o máximo possível, o nascer e morrerem empresas em qualquer indústria é natural, contudo o sistema financeiro deve ter uma atenção e preocupação especial, dado que é um dos suportes ao normal funcionamento à economia de mercado, conforme a conhecemos hoje (acredito que é algo que está a caminho de mudar).

Bom, voltando ao tema BPN nacionalizado. Quando ouvi a conferência de imprensa do Governador do Banco de Portugal, fiquei estupefacto, pois foi uma espécie de "lavar as mãos como Pilatos". Parecia que se estava perante uma pura donzela que foi completamente surpreendida pelo ocorrido.

Por isso, parece-me que algo no regulador e supervisor do Sistema Financeiro tem de mudar. Às vezes é como no futebol, a necessidade de chicotada psicológica, independentemente da competência do treinador é positiva para a equipa. Este é um caso quiçá semelhante, porque há várias questões sem resposta, entre elas:
- Um relatório de auditoria realizado pela Delloite apresenta um conjunto largo de reservas às operações feitas pelo BPN. Resultado: Delloite despedida. Acção do Banco de Portugal: assobiou para o lado;
- Notícias públicas de há vários anos sobre a linha de gestão tomada dentro do BPN e algumas suspeitas são lançadas. Resultado: BPN e sua equipa mantém-se. Acção do Banco de Portugal: continuou "a olhar para os papeis";

Este tipo de "fumo" foi continuo desde de pelo menos 2002. Os accionistas do BPN, pelos vistos, também não quiseram ver, mas aí estavam no seu "direito" de não querer ver ou não quiseram falar, o dinheiro de investimento era deles. Claro que se pode questionar a ética, em particular a ganância pelo dinheiro fácil.

Contudo, e tal como noutros países, se prova que a principal origem da crise financeira que hoje vivemos prende-se precisamente com a acção (ou antes, a não acção) dos reguladores do mercado. O curioso é que no BPN, algo já "cheirava mal" há muito tempo, e vejo palavras do Governador do BdP a dizer que não sabia de nada pois as contas eram apresentadas. Isto é, o olhar crítico e o querer investigar suspeições que se sabia no diz que diz do mercado, não é para este Governador do BdP. Comprovou-se no caso BCP, e pelos vistos, este é mais um.

Dá a ideia que a preocupação, tal como em muitos políticos, o objectivo não é trabalhar e actuar, o objectivo é manter o status quo e manter-se no lugar o mais possível.

Pelo que soube recentemente (não confirmei) parece que o Governador do BdP tem um pacote salarial superior ao Presidente da Reserva Federal Americana. Será por isso?

Bem, tenho uma suspeita que em Portugal ainda não ficaremos por aqui, espero é que o Regulador e Supervisor do Banco de Portugal não diga, como disse neste caso, algo do género "eu há 4 meses pedi umas informações, mas ainda não me forneceram, logo não sei de nada"!!!

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